Aula 5
Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?
O desgosto do brasileiro com os políticos tem gerado protestos inusitados, como a eleição de animais, em décadas passadas, e a candidatura de pessoas sem nenhuma ligação com a política, que chegam a declarar publicamente não entenderem nada sobre o cargo que disputam. O slogan mais comentado deste ano foi "Vote Tiririca, pior que tá não fica". O que você pensa disso? Esse tipo de voto de protesto ajuda o Brasil a melhorar? Passado o fervor da campanha eleitoral e concretizado o deboche por meio da eleição desses personagens, como fica o país e qual a contribuição desses novos políticos durante anos? Qual o prazo de validade da piada que se faz ao se votar em palhaços? Com base nos textos de apoio e em outras informações de que você disponha, elabore uma dissertação defendendo um ponto de vista sobre a pergunta: Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?
Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa;
Não deve estar redigido em forma de poema (versos) ou narração;
A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
Não deixe de dar um título a sua redação;
Avaliação:
1 - Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.
2 - Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
5 - Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
"Obrigado por terem aberto esse tema para expor pensamentos" nota 0,0
Fico imaginando um investidor estrangeiro de porte, chega [grande investidor estrangeiro que chegue] ao Brasil nessa fase de horário político OBRIGATÓRIO, sem querer ele tem [. Durante] uma hora vaga em sua suíte de luxo, em algum hotel em que se hospeda... [,] liga a TV e seu sonho de investir começa a ficar caro. Vai acompanhando as imagens e [,] naturalmente [,] não entende o que se passa, mas como é de porte terá um tradutor ao lado, que naturalmente traduzirá ao pé da letra (ao menos é o que eu gostaria que ele fizesse).
Não acredito que ele fique surpreso, acredito que ele confirme o que já tenha ouvido a respeito do Brasil e diz [diga] ao tradutor... " realmente esse [este] país não é sério!"
Considerando que ele tenha acompanhado a eleição e visto que o Palhaço Tiririca foi eleito, pergunta ao tradutor de como e por quê [por que] isso se concretizou, e ouve a simples explicação de que foram votos de protesto.
Surpreso, mudo, arruma a mala e liga para a empresa aérea solicitando antecipação do vôo de retorno.
O tradutor, que teve seu trabalho encurtado por alguns dias lhe pergunta o que houve e tranquilamente o investidor responde... se ["Se] o povo daqui elege uma figura que não fará seu trabalho remunerado pelo próprio povo, por quê [por que] os trabalhadores da minha empresa se dedicarão ao crescimento da mesma? [?"]
E o tradutor começou [começa] a ajudar a arrumar a mala do investidor...
Infelizmente esse exemplo é possível, e infelizmente nosso povo, sem discernimento, ao menos sabe fazer protesto ou manifesto, pois ao se unirem [unir] nas ruas, acabam [acaba] fazendo anarquia e bandalheira, quebrando as fachadas de bancos, farmácias, padarias, metrô, ônibus e muito mais...
Estou triste, sou brasileiro, servi o serviço militar OBRIGATÓRIO (não me arrependo), já morei no exterior e trabalhei em diversas áreas desde os meus 12 anos. Quero muito um Brasil melhor. Sozinho não mudarei as coisas, mas podem contar comigo pro que for melhor pro nosso país.
Obrigado.
Comentário geral
Por fugir à proposta, o texto foi zerado. Não houve adequação à modalidade solicitada, já que o autor passa a maior parte do texto narrando e expondo depoimentos pessoais.
Aspectos pontuais
1) Título: na verdade, o texto começa e termina com um agradecimento, o que não se constitui um título e está inadequado à proposta. Não se deve conversar com o leitor na dissertação.
2) Primeiro parágrafo: a) apesar de não ser incorreto, não é muito adequado o uso de "eu" na dissertação, ainda mais para expor pensamentos subjetivos (isso é típico da crônica, outra modalidade textual); b) o que seria um investidor "de porte"? A expressão está incompleta e gera duplo sentido; c) período muito mal pontuado, prejudicando a clareza do parágrafo.
3) Sétimo parágrafo: o único parágrafo que traz características dissertativas é o sétimo, pois parte do exemplo para traçar uma análise do comportamento do povo brasileiro. O problema é que isso se limita a uma breve constatação do senso comum, não se desenvolve.
4) Oitavo parágrafo: na conclusão o autor expões informações pessoais, inclusive com marcas de oralidade, transformando o texto em um registro de depoimentos subjetivos, inadequados à proposta.
Viva a bossa-sa-sa; viva a palhoça-ça-ça-ça-ça. Nota 10
Na antiga sociedade romana, o imperador, a fim de inibir rebeliões futuras da população por causas dos problemas sociais advindos da escravidão rural e consequente migração para as cidades, adotou a política "panem et circenses" (pão e circo). Diariamente, promoviam-se lutas entre gladiadores nos estádios, como o Coliseu, e, nestes [nesses] eventos, distribuíram-se alimentos, em geral pão e trigo. Era uma forma de distração do povo e, ao mesmo tempo, de dominação contra revoltas.
Este panorama da Roma antiga não diverge muito do Brasil atual. A sociedade brasileira é mantida sob domínio por meio desse sistema de entrega do pão (Bolsa Família, Bolsa Escola) e divertimento no circo (aventuras políticas no cenário nacional). Mas, no picadeiro da política atual, sempre existe um personagem ilustre que faz a alegria do respeitável público: o palhaço. Realmente, no ano de 2010, um palhaço ganhou visibilidade no campo político, ao ser eleito deputado federal em São Paulo. Seu nome é Tiririca.
Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, somou mais de 1,3 milhões [milhão] de votos e inseriu-se na história da política brasileira como o deputado federal mais votado, ficando atrás apenas do lendário Enéas, do Prona. Com uma campanha irreverente e debochada, o humorista jamais explanou claramente suas intenções políticas, porém a espontaneidade de seu discurso acabou por torná-lo uma mescla de sucesso e polêmica, alvo de debates na internet e na comunidade social. O célebre bordão "vote em Tiririca, pior que tá não fica!" ganhou o gosto popular.
Piadas à parte, a grande discussão que circunda a eleição do palhaço Tiririca ao Congresso Nacional é se esse foi um voto de protesto da sociedade, em face ao sentimento de descaso que o Congresso permeou no povo, devido à série de episódios vergonhosos de corrupção. Por mais que o protagonista em questão represente uma parcela grande da sociedade e, de certo modo, espelhe a insatisfação social com os políticos atuantes, a sua candidatura em nada contribuirá para a melhoria da condição de vida das pessoas. A intenção é valida, contudo, pôr alguém (um palhaço!) sem nenhuma experiência política, ou mesmo sem propostas e perspectivas de mudanças para a população, como representante político, ridiculariza ainda mais o sistema político brasileiro, já tão taxado pelas nações desenvolvidas. É aumentar ainda mais a "palhaçada" e ver o "circo pegar fogo".
O verdadeiro protesto é aquele que nasce da consciência coletiva e é externado, com coragem e esperança, pela própria sociedade. A História é pródiga em apresentar exemplos. O movimento negro que, nos Estados Unidos, teve em Martin Luther King um impulso expressivo, na luta contra leis racistas que proibiam o direito de voto às minorias étnicas. No Brasil, o movimento Tropicalismo, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, convocou os jovens brasileiros a proclamarem a [o] individualismo e [a] liberdade sexual, num espírito de contestação político-cultural, em plena ditadura militar. O movimento "Diretas Já" arrastou milhares às ruas, em passeatas, comícios e lideranças, para reivindicarem eleições presidências [presidenciais] diretas no Brasil, em 1983.
É preciso que essas investidas feitas contra a estrutura político-social brasileira resultem em benefícios a todos. Se o povo está cansado de "pão", que o representante da nação tenha capacidade de administrar os bens públicos para pôr na mesa do brasileiro arroz, feijão, carne, salada, um emprego decente, saúde, educação e segurança. Precisamos de governantes compromissados com o desenvolvimento do país, e não de figuras pitorescas que apenas ocupam assentos nas cadeiras partidárias e não contribuem para o crescimento do Estado e fortalecimento da democracia.
Comentário geral
O texto merece a nota máxima, apesar dos pequenos deslizes que nele se encontram. Além dos assinalados, em verde ou vermelho, pode-se também questionar a correção ou propriedade das referências históricas. Ainda assim, o texto atende, em todos os quesitos, o que se espera de um texto redigido por alguém nessa etapa da escolaridade e demonstra que ele está apto a prosseguir na carreira escolar.
Aspectos pontuais
1) Terceiro parágrafo: em vermelho, destaca-se a perífrase desnecessária: por que não dizer pura e simplesmente "sociedade" em vez de "comunidade social"? A clareza se constrói com simplicidade.
2) Quarto parágrafo: a) Mais uma vez, uma perífrase desnecessária e, nesse caso, provocando confusão: como na frase anterior a referência mais próxima é Congresso, pode-se entender que é o Congresso o "protagonista" que inicia a frase seguinte. b) "Taxar" exige um complemento para significar o que o autor pretende. Pode ser, por hipótese, que as nações desenvolvidas taxem o Congresso brasileiro de ineficiente. Sem complemento, "taxar" significa "cobrar tributo" e as nações desenvolvidas nem taxam nem podem taxar o Congresso brasileiro.
3) Podem-se levar milhões de pessoas às ruas em passeatas e em comícios, mas não em lideranças. A palavra "liderança" tem outro significado e não comporta esse uso. O paralelismo do texto fica capenga devido ao uso inapropriado de um vocábulo.
Um ato sem pensar hoje pode transformar o amanhã nota 4,0
Ato de protesto, o voto em candidatos simbólicos está tomando proporções gigantescas, graças a desilusões de uma população traída politicamente. Com proibições de trucagens que ridicularizem qualquer candidato, o povo aposta em votos para dançarinas, ídolos de futebol e até em palhaços. Com [palhaços, com] o simples propósito de homologar, com humor, a descrença pela [na] política brasileira. Mas, jogar o voto a esmo em candidatos que por sua vez [que] fazem humor de algo tão sério, isto sim, [isso sim] é motivo para possíveis desilusões futuras.
Nestas eleições, foi concretizada a indignação de um país democrata [democrático] perante seus comandantes. Tal indignação foi mostrada nas urnas, com o quantitativo de votos ganhos por estes [esses] figurões. Superando [, superando] até mesmo políticos renomados, que se dedicam ao poder legislativo por diversos anos. No entanto, partidos e coligações políticas apostam e aproveitam destas [dessas] celebridades para a arrecadação de votos para si, sendo assim, o centro das atenções. [os seus outros candidatos.]
Já os eleitores incrédulos com nossos políticos e possíveis candidatos demonstram sua insatisfação com votos ridículos.
Será que alguém realmente acredita em uma pessoa que possui como campanha eleitoral o tema "vote em Tiririca, pior que tá não fica", ou até mesmo em alguém que é capaz de mostrar-se quase nua para obter atenção, pois não tem um assunto convincente e de utilidade para a população possa assumir qualquer cargo na assembléia [assembleia] ? Pessoas que admitem não terem o menor conhecimento dos cargos concorridos com certeza não podem ter utilidade para nossa assembléia legislativa.
No entanto, o ato que até o momento das eleições era de protesto se torna um ato desastroso, pois, sem perceber o mal pior, é entregue um cargo promissor, e de interesse direto da população, a uma figura que não demonstra o menor conhecimento na área da política, prejudicando, diretamente a face do [prejudicando diretamente o] Brasil. Dando-lhes o direito de opinar e intervir em decisões importantes durante todo seu tempo de regência nos [o tempo de vigência dos] devidos cargos de ocupação. [ocupados.]
Comentário geral
A inadequada escolha vocabular do autor causou vários problemas de lógica ao texto, que está confuso e impreciso. As falhas sintáticas geraram várias frases incompletas. Quanto ao conteúdo, há algumas boas informações, mas os argumentos carecem de profundidade.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: falta clareza na exposição das ideias: possivelmente o autor quis dizer que a mídia foi proibida de usar recursos como a trucagem para ridicularizar os candidatos, mas isso não foi dito e parece que o eleitor é que sofre tal proibição. Depois vem a afirmação de que o eleitor "aposta" em votos para certos grupos de pessoas, mas não se explica o que está sendo apostado, o que se quer ganhar com tal aposta. Ou seja, o vocabulário impreciso e a informação incompleta prejudicaram muito a lógica do parágrafo.
2) Segundo parágrafo: a) vocabulário impreciso (como a indignação foi concretizada na eleição?); b) frase incompleta, no trecho em vermelho.
3) Terceiro parágrafo: parágrafo muito curto, superficial e subjetivo: o que são votos "ridículos"?
4) Quarto parágrafo: o período inicial foi cortado por uma série de informações e, na hora de ser retomado, apresentou problemas sintáticos e ficou sem sentido (ver os trechos em vermelho).
5) Quinto parágrafo: a conclusão, prejudicada na expressão pelo uso de palavras inadequadas ao contexto, apenas repete parte do desenvolvimento, sem acrescentar proposta de solução.
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